terça-feira, 6 de maio de 2008

Cidadão Jornalista VS Jornalista Profissional

“ O acto de um cidadão, ou grupo de cidadãos, representar um papel activo no processo de colectar, relatar, analisar e disseminar notícias e informação. O objectivo desta participação é fornecer a informação independente, confiável, precisa, completa e relevante que uma democracia exige”.

Bowman e Willis (2003)



Com este pequeno trabalho de investigação vou tentar analisar o fenómeno que tem vindo a revolucionar a imprensa e os media em geral. Tem o nome de “jornalismo do cidadão”, um jornalismo participativo ou colaborativo.
Esta nova realidade do jornalismo é uma consequência da evolução das novas tecnologias de informação e comunicação, o que permitiu uma relação mais próxima das redacções aos seus públicos.
Segundo Dan Gillmor, um dos jornalistas e pensadores sobre os novos meios de comunicação, o jornalismo do cidadão é “ uma transformação do jornalismo, de um meio de comunicação de massas do século XX até algo mais profundamente cívico e democrático”, diz ainda que, “A tecnologia dotou-nos de um conjunto de ferramentas de comunicação capaz de nos transformar a todos em jornalistas, com custos reduzidos e, em teoria, com acesso a um público global”.
Hoje em dia o cidadão pode captar uma situação tendo apenas uma câmara fotográfica, de vídeo ou um telemóvel consigo, e pode divulga-la através da internet (blogs, wikis).
Este conceito tem vindo a ser evidenciado especialmente quando ocorrem catástrofes ou fenómenos naturais, foi com acontecimentos como o 11 de Setembro, ataque terrorista em Londres, que este jornalismo do cidadão começou a ganhar relevância, quando foram registadas imagens surpreendentes deste massacre.
Surge a possibilidade de dar “voz ao povo”, o cidadão colabora com o jornalista, disponibilizando o seu material, que mais tarde ilustra o trabalho do jornalista, com devida identificação.
São vários os meios de comunicação que incentivam o público a participar, atribuindo prémios, criando espaços dirigidos aos cidadãos amadores, para onde estes podem enviar os seus materiais, seja vídeo, som, fotografia ou escrito. De seguida existe uma selecção do material e serão transmitidos de forma a completar os trabalhos dos jornalistas profissionais.
Esta facilidade que o cidadão tem em captar as situações, é bastante útil para o jornalista uma vez que este não tem o poder da ubiquidade (não consegue estar em todo o lado ao mesmo tempo).
No entanto este cidadão não tem qualquer formação a nível jornalístico, não está a par das regras éticas e deontológicas pelas quais o jornalista profissional se rege, não tem competência para ser chamado de jornalista, é apenas um amador que colabora com os meios de comunicação.
Em muitas situações os media tradicionais não conseguem divulgar com rapidez os acontecimentos, este “jornalista cidadão” vem permitir uma maior rapidez na divulgação da informação.
A relação entre o jornalista e o cidadão pode ser bastante positiva para ambos, por um lado o jornalista profissional tem acesso à cobertura de cenários difíceis, sem se deslocar ao local com a sua equipa, e por outro o cidadão participa no trabalho do jornalista e sente-se realizado.
A preocupação principal do cidadão não é a produção jornalística, mas sim captar algo inédito.
Este fenómeno tem sido alvo de diversas discussões, o centro da discussão é, se realmente este modelo deve ser considerado um novo tipo de jornalismo.
Na minha opinião, estes cidadãos que registam determinadas situações inesperadas, não devem ser chamados de jornalistas mas sim de amadores, porque eles apenas estão no local certo á hora certa. Não é um novo tipo de jornalismo mas sim um apoio ao jornalismo tradicional.
O facto de conseguirem imagens informativas não significa que possam ser rotulados de jornalistas, quanto muito jornalistas acidentais.
É necessário marcar bem a barreira entre este amadorismo e o jornalismo profissional.



“Os cidadãos – jornalistas são as pessoas antigamente conhecidos como a audiência.”
Jay Rosen




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