sexta-feira, 20 de junho de 2008

Reportagem Multimedia

Caminhos diferentes, falta de opção, comodismo, necessidade…
Trilhos de Vida




Na rua há quatro anos, “Matilde” garante o seu sustento. Mãe e dona de casa, a tempo parcial, tenta ter uma vida normal longe dos olhares que desconhecem a sua realidade.


“ Já fui bem casada, mas ele trocou-me por uma vagabunda”, esta é a explicação que “Matilde” encontra, para ter optado pela sua actual profissão.
Emigrante divorciada, é uma das muitas prostitutas que ganham a vida a vender o corpo.
Esta venezuelana de meia idade começou a prostituir-se numa casa de alterne, antes de vir para a rua, já lá vão 10 anos.

Chuva, sol, pinheiros, vinhas, estradas de terra batida e um banco de madeira, fazem parte do cenário diário de “Matilde”.
Numa espécie de “dejavu”, ela relembra a traição do marido. Abandonada, com quatro filhos para criar, o desespero invadiu-a e levou-a pelo caminho mais fácil.

Tal como “Matilde”, muitas são as mulheres que fazem esta opção. Vendem-se correm riscos, muitas são maltratadas e exploradas.
Segundo “Matilde” este é o caminho mais fácil, mas ao mesmo tempo, difícil.
O medo de ser descoberta é constante, assim como os perigos da rua.

“A minha família nem desconfia”

Quando veio da Venezuela, após a separação, teve de construir tudo de novo, deixando de lado a sua profissão.
Para a sua família, “Matilde” é empregada numa confeitaria. Prefere esconder a sua vida para não ser alvo de represálias.

Como qualquer outra mulher, “Matilde” sonha. Sonha em deixar a vida que leva e casar novamente.

“Quando arranjar um homem decente, caso-me!”

O tráfico humano é uma realidade.
Segundo um estudo realizado pelo Instituto Europeu para a Prevenção e Controlo do Crime, publicado no jornal diário de Noticias, Portugal é uma grande fonte de tráfico de mulheres, portuguesas e estrangeiras, para exploração no país vizinho, Espanha.
Em Portugal, a prostituição é um caso de desregulação completa. Em 2007 foi feita uma petição online com o objectivo de agendar, na Assembleia da República, a legalização da prostituição.

É considerada a profissão mais antiga do mundo, ultrapassando leis e fronteiras. Nem sempre é uma opção, pois muitas são as mulheres e crianças obrigadas a trabalhar nesta vida.
Legalizada ou não, a prostituição está bem presente no nosso quotidiano.
O dia a dia de “Matilde” é o mesmo de há dez anos atrás e ela perspectiva-o como futuro.
Uma vida de angústia, mentira e incerteza…